terça-feira, 26 de novembro de 2013

A VINGANÇA DA ESQUERDA

Tendo a historiografia como um dos meus hobbies, acho que desvendei finalmente o que acontece no cenário político social do Brasil dos últimos anos. Descobri em recente pesquisa um documento que esclarece as principais questões: “CARTA ABERTA DA ESQUERDA AO POVO BRASILEIRO” (final de 1974) Caros operários e camponeses: Sendo vocês uma massa ignorante, desde 1962 resolvemos tomar a dianteira e decidir por vocês o que seria melhor para o nosso país. As coisas não aconteceram do jeito que planejamos, por vocês lutamos destemidamente, fomos presos, humilhados, torturados e alguns foram mortos. Nós, os que sobramos, fomos obrigados a viver em Havana, Santiago (até que também nos expulsassem de lá) e em Paris. Vocês não nos deram o respaldo necessário, preferiram apenas trabalhar, assistir novelas, e optaram pela cachaça e o futebol. Pois bem, então, decidimos nos vingar: Daqui alguns anos, GRAÇAS A VOCÊS, vamos tomar o poder. Vamos deixá-los em estado de ignorância permanente. Vamos dar crédito para que possam comprar o tão sonhado automóvel, fogão, geladeira, televisão e todo tipo de eletrodoméstico que possa aliená-los cada vez mais. Vocês vão continuar na novela, na cachaça e no futebol. E o melhor, nem vão precisar mais trabalhar. Vamos sustentá-los, com subsídios que vamos chamar de bolsa. Bolsa isso, bolsa aquilo. Mas tudo isso vai ter um preço. Vamos tomar este país de assalto. Roubá-los dentro e fora da lei. Se um dia descobrirem, vamos comprar até os juízes do Supremo Tribunal Federal. Se por um grande azar formos condenados, vamos passar alguns meses em regime aberto, vocês logo vão nos esquecer, e voltaremos à ativa, pois nem todos nós vamos estar na cadeia. O resto da turma vai continuar a governar o país. Vocês vão pagar caro pela derrota que tivemos......

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

GOD BLESS MY SMARTPHONE

Deus, obrigado por ter me dado um smartphone! Agora todos podem saber em que lugar estou, a que horas estou, com quem estou, o que estou fazendo e como me sinto. Todo mundo pode ver o quanto sou popular, como me divirto na balada, que amigos maravilhosos eu tenho. Com ele registro todos os drinks, entradas, pratos principais, sobremesas e o café das minhas refeições, espero que apreciem. Com ele posso tomar um chá com minhas amigas e ignorá-las solenemente, mas qual é o problema, elas também estão entretidas com os delas. Com ele posso almoçar com os amigos do escritório e dar boas gargalhadas compartilhando as últimas idiotices que recebemos pela internet. Com ele acompanho a opinião das celebridades sobre todos os assuntos, assim me mantenho sempre informado. Com ele posso frequentar a academia, e entre uma série e outra de exercícios trocar uma mensagem, assim não preciso me concentrar nessa coisa chata que me obrigaram a fazer. Com ele posso viajar pelo mundo, e a cada momento me fotografar em belas cidades ou com belas paisagens ao fundo. Não estou prestando muita atenção a elas, afinal, o que importa é que os outros vejam que estou por lá. Com ele as horas de insônia voam e nem preciso tentar entender porque não consigo dormir. Ufa, não preciso mais pensar em mim mesmo! Com ele consigo suportar as filas e a espera das consultas médicas. Não preciso mais observar a vida, as pessoas que me cercam, uma curiosidade ou outra, um simples gesto, ou seja, as pequenas coisas, afinal, quem liga para isso? Meu smartphone é minha droga, não é tão cara, é lícita, não me traz ressaca ou rebordosa. Meu smartphone é o meu melhor amigo, meu fiel companheiro, meu amante, meu confidente. Sempre me trata bem, nunca me abandona ou rejeita, está junto a mim vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Faço aqui um pedido aos que me enterrarem: não se esqueçam de colocá-lo no meu caixão.....

quarta-feira, 13 de março de 2013

O TRAÇO PROJETUAL

O texto “PESQUISA NA ÁREA DE PROJETO” de Abrahão Sanovicz nos aponta um detalhe muito interessante, que na maioria das vezes não damos conta. ”Na medida em que estamos trabalhando e que nossas pranchetas estão ocupadas, cada traço que fazemos significa trabalho para bastante gente. São os materiais que se usa, é a mão de obra empregada, o transporte necessário, a indústria ativada, coisas assim. Nosso trabalho é de ponta. Quando desenhamos dois traços, isto ativa toda uma população. É necessária a consciência do desdobramento dos mesmos. É um dos aspectos do nosso trabalho”¹ Peço permissão ao arquiteto para ir além. Sanovicz não foi meu professor direto, mas certos personagens acabam sendo adotados como mestres por todos nós, profissionais do projeto. O traço projetual é um simples gesto, mas pode determinar as mais incríveis consequências, diretas ou indiretas, na vida de todas as pessoas. O traço controverso das fronteiras separam nações, povos, etnias, crenças, economias, estabelecem novas ordens, geram conflitos, criam e destroem vidas. O traço autoritário do muro de Berlim isolou avós, pais, filhos, companheiros, amigos. O traço do sistema viário desapropria, desaloja, desafoga, alivia, renova. O traço mágico de Hadid converteu-se, o traço vigoroso de Libeskind ainda desagrega, o traço concreto de Ando distingue, os traços sinuosos do modernismo heterodoxo de Aalto e Niemeyer desafiam o de Mies, e o traço leviano do modismo banaliza. O traço que compartimenta nossas casas traz a hospitalidade, o convívio, a tranquilidade, a luz e o calor. O traço apaixonado e inteligente do design traz a inovação, o conforto, a emoção. Será que o arquiteto do universo sabia desenhar? SANOVICZ, Abrahão. A pesquisa na área de projeto. In SEMINÁRIO NATUREZA E PRIORIDADES DE PESQUISA EM ARQUITETURA E URBANISMO, São Paulo. São Paulo, FAUUSP, 1990, p.109 a 111 (texto elaborado originalmente como base para discussão no Grupo de Disciplina de Projeto de Edificações, 1985).

domingo, 10 de março de 2013

O FACEBOOK E OS QUE PARTIRAM

Nestes últimos meses três amigos queridos partiram inesperadamente. Mas como num passe de mágica, com um clique de mouse os trazemos de volta. Não podemos mais compartilhar a presença física, não podemos mais desfrutar da companhia, não podemos mais contar estórias e dar risadas, e num momento de deslize, até fazer uma fofoquinha. Mas podemos olhar as fotos, recentes, antigas, as que estamos juntos, as alegres, as que marcaram a vida da pessoa. Podemos ver as postagens, os comentários, relembrar as particularidades de cada um. Estar no Facebook é um pouco como estar ao lado. Por isso, peço aos familiares que apesar da dor da perda, não eliminem ou removam o conteúdo dessas páginas. Para alguns, é a maneira imediata de matar a saudade quando ela aperta.