sábado, 26 de junho de 2010

A LIBERDADE

No filme O Homem Bicentenário, o “robô” interpretado por Robin Williams, no decorrer de sua existência, vai adquirindo consciência de tudo que o cerca, e decide partir em busca de dois objetivos: tornar-se livre, e posteriormente, ser declarado humano.
Mesmo tendo sido tratado como um integrante da família a qual pertence, a alegação para ganhar a tão sonhada liberdade, é de que isso deva ser algo magnífico a ser conquistado, pois, em toda a história, milhares morreram por ela.
Para ser humano, é preciso ser livre.
Para quem nasceu e vive livre, talvez isto não represente tanto. Em recente visita a Cuba, minha namorada (sempre coerente, pois evitou as armadilhas de turistas preferindo conhecer o interior do país), constatou as benesses da saúde e educação pública de qualidade, mas, que isso não basta. E juntos, meses depois, percebemos as marcas de sofrimento e inferioridade que ainda estampam o povo tcheco, e a tristeza da arquitetura do estado socialista, em contraposição ao maravilhoso conjunto arquitetônico que os homens livres construíram.
Porém, a liberdade, não é apenas o livre exercício da convicção política, religiosa ou futebolística. É um estado de espírito. É ter a consciência do que ela representa para cada um de nós, e preservá-la, como o bem mais precioso que temos.

Reserve alguns momentos do seu tempo, e perceba o quanto você é livre, pois, afinal, nada é mais individual do que a concepção de liberdade.

Segue um pequeno conjunto de liberdades individuais, algumas conquistadas com muito esforço:

*a liberdade (e o alívio) de ser politicamente incorreto, de não gostar de Geisy Arruda e Sarah Jessica Parker, do PT e dos petistas, de Hugo Chávez e dos hermanos, dos fanáticos religiosos e de muitos americanos, dos manos, de pagode e rebolation e de achar que o Galvão Bueno não é tão insuportável assim.
*a liberdade (e a veemência) de não acreditar que a democracia funcione no Brasil, de achar que quase tudo ainda está errado por aqui e que o futebol faz mal para 99% dos brasileiros.
* a liberdade (e a civilidade) de defender a liberdade dos outros, pois, apesar de não fumar, e de não usar drogas, achar que cada um deve fazer o que quiser com o próprio corpo.
* a liberdade (e a enorme satisfação) de fazer uma arquitetura de conceito, sem estar comprometido com as últimas “sic” tendências do mercado imobiliário e da Casacor.
* a liberdade (e o perigo) de andar de moto em São Paulo, e cruzar a cidade de norte a sul em quarenta minutos, mesmo sabendo que meu corpo serve de pára-choque.
* a liberdade (e a necessidade) de dormir pouco, pois a vida passa rápido demais, de ler um livro, assistir mais uma vez a um bom filme, ou começar a trabalhar às três horas da manhã.
*a liberdade de comer porcarias e ganhar quase vinte quilos. Seria ótimo, se não estivesse na contramão da liberdade (e o prazer) de ser vaidoso, cuidar da saúde e praticar esporte.
*a liberdade (e a consciência) de demorar meia hora tomando banho, sabendo que muitas de minhas atitudes compensam o gasto de água.
*a liberdade (e a crença) de que apesar de ter quarenta e seis anos, o melhor da vida ainda está por vir.
*a liberdade (a verdadeira liberdade) de não estar preso a vícios, de não pertencer a algum grupo tendencioso, e de não ser zen.
*e, para finalizar, a liberdade de começar a gostar de cachorro depois de burro velho.

segunda-feira, 7 de junho de 2010