sexta-feira, 21 de outubro de 2011

COMUNISTAS, SOCIALISTAS, PETISTAS E FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS

Para você Nemeth, que está com saudade das minhas crônicas.

Acho que há muitos anos está claro o que move esses grupos. Não é a ideologia, mas a luta pelo poder, pelo dinheiro na sua forma mais vil, a corrupção, e pela vagabundagem. E isso apenas ratifica minha decisão de migrar para o outro lado do espectro político.
Quando jovem, era apaixonado pela época 64/74, tornei-me um estudioso do período, a ponto de ficar horas no telefone com Jacob Gorender, autor de “Combate nas Trevas”, o livro referência para entender tudo aquilo. Alguns anos depois, comecei a perceber que não passava realmente de um romance. Toda aquela efervescência intelectual nunca encontrou respaldo nas massas, pois as aspirações do homem sempre estarão no sentido contrário da chamada “igualdade social”. Meu respeito por homens comuns como Gorender permanece, ao contrário de outros líderes, que aqui desmitifico sem temor:

Vladimir Lenin: o grande líder bolchevique tornou-se mártir, pois morreu antes de fazer as idiotices inerentes ao poder.
Josef Stalin: extremamente ignorante, é de longe o maior assassino da história, com 20 milhões de mortes atribuídas a ele, apenas entre os desafetos políticos.
Leon Trotsky: intelectual prolífico, falou, escreveu e brigou bastante. No final, provou que Frida Kahlo tem um péssimo gosto para homens (e ele um péssimo gosto para mulheres).
Enver Hoxha: o isolacionista albanês teve como grande legado transformar seu país em modelo para o PC do B.
Mao Tse Tung: o grande timoneiro só não explicou aos seguidores no “Pequeno Livro Vermelho” como transar com centenas de jovens militantes do partido.
Pol Pot: perde para Stalin em termos quantitativos, mas foi extremamente eficaz dizimando 25% da população do Camboja por motivos “ideológicos”.
Nicolau Ciaucescu, Josip Tito, Kim Jong-Il e outros: nada fizeram além de se aproveitar das benesses do poder.
Ernesto “Che” Guevara: o grande ícone da liberdade matou muitos, e foi um pífio Ministro da Indústria de Cuba.
Fidel Castro: como já disse numa crônica anterior, somente bons hospitais não garantem a felicidade de um povo.
José Dirceu: de maior líder estudantil passou a maior mafioso do Brasil.
Franklin Martins: o autor do manifesto no seqüestro do embaixador americano em 1968 foi o Ministro da Comunicação Social de Lula que pretendia calar todos.

Portanto, temos aí alguns exemplos de “verdadeiros socialistas”.

Meu caro Marx, não fique triste, você foi bem intencionado. Mas foi pura utopia. Além disso, entenda, o estado como pai é terrível, como irmão é horrível, e como patrão é sofrível.
O funcionalismo público, da maneira como está no Brasil, é uma calamidade.

Usando exemplos de São Paulo, experimente precisar de um documento da 7ª Vara de Família do Fórum João Mendes, renegociar um PPI, ou aprovar um projeto na Subprefeitura da Vila Mariana. Eu, que infelizmente tenho esse maldito hábito de querer me comportar como cidadão, que detesta pagar os outros para fazer aquilo que é meu por direito, sou um eterno inconformado com o atendimento que nos é oferecido por essa cambada, respaldada pelo disparate “estabilidade de emprego”. Não fosse assim, não veríamos em todos os lugares os cartazes “é proibido desacatar o servidor público sob pena de multa ou detenção”.
Nas minhas últimas visitas a essas repartições procurei me distrair um pouco, e observei uma questão curiosa: como as funcionárias dessas repartições se parecem fisicamente. Perguntei a um colega sentado ao lado que me explicou:

-Todas freqüentam a Academia do Estado!

A Academia do Estado tem um programa de treinamento físico-comportamental cujos objetivos são:

*fazer todos os movimentos em câmera lenta
*ficar sentada todo o expediente
*conversar o máximo possível com as colegas
*atrofiar de vez o já diminuto cérebro
*comer apenas bolos e bolachas
*tomar apenas refrigerante e cerveja
*vestir-se da maneira mais ridícula para a idade e o peso

É por isso que todas apresentam aquele perfil característico de instrumento de campanário de igreja, prestes a badalar, não para avisar do horário da missa, mas para torrar a minha paciência e deixar claro que tudo continua errado.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A ARQUITETURA DO 11/9

A arquitetura pode brotar dos mais insólitos eventos na história da humanidade, até dos mais trágicos. Os esforços de reconstrução, em decorrência dos atentados de 11/9, começam a se materializar dez anos depois, e assumem papel de destaque no cenário da arquitetura contemporânea.
As torres gêmeas do World Trade Center foram alvo dos extremistas da Al Qaeda, assim como seu arquiteto, Minoru Yamasaki, foi alvo dos pós-modernistas radicais, que decretaram o fim do movimento moderno a partir da demolição do Conjunto Pruitt-Igoe, em 1955, de sua autoria.
O arquiteto faleceu em 1986, sem presenciar o desaparecimento de sua obra prima e a empresa que ele fundou, Yamasaki & Associates, fechou as portas há apenas dois anos atrás, vítima do colapso no setor imobiliário americano, mas, com certeza, desde muito antes o moral da equipe não era mais o mesmo.
Este texto aborda o fascinante empreendimento que resultou desse odioso gesto, fruto do fanatismo religioso.
Criada em julho de 2002, a Lower Manhattan Development Corporation, tem como objetivo a reconstrução dos edifícios, o incremento à ocupação da zona sul da ilha e a perpetuação da memória dos mortos nos ataques.
Após o descarte das propostas iniciais de conhecidos arquitetos de todo o mundo, que se uniram em equipes para projetar o novo complexo, em 2003, o plano diretor de Daniel Libeskind foi escolhido. Desentendimentos com o arrendatário Larry Silverstein levaram à contratação de consagrados escritórios para a elaboração dos projetos das novas torres. O arquiteto Michael Arad foi o vencedor do concurso para o projeto do memorial, entre 5.200 inscritos e o paisagismo ficou a cargo de Peter Walker, que se juntou à Arad na etapa final da competição, a fim de “humanizar” a proposta.
A seguir, os projetos um a um:
World Trade Center 1: David Childs, Skidmore, Owings and Merrill. Também chamada de Liberty Tower é a mais interessante. A planta quadrada no embasamento se transforma gradativamente em octogonal, gerando planos e arestas onde podemos observar várias referências: uma variante simples do projeto de Libeskind para o edifício principal, a escala proeminente das torres destruídas, o perfil de obelisco, e a re-edição da Estátua da Liberdade. A grande antena paira acima do skyline, marcando o ressurgimento do complexo.
World Trade Center 2: Foster and Partners: podemos reconhecer o respeito ao plano original, o edifício é uma composição de quatro prismas de topo chanfrado interligados em planta por um core de forma cruciforme. Apesar da implantação forçada pela conformação do lote, o ático parece fazer reverência à praça. Com certeza remete ao maciço bloco único proposto por Foster em 2002 e à Torre Hearst, também em Nova York.
World Trade Center 3: Rogers, Stirk, Harbour and Partners. Apesar de pregar o oposto, o projeto de Rogers foge do esquema de Libeskind pelo volume monolítico levemente escalonado, pelo exoesqueleto estrutural e pelo coroamento composto de quatro antenas, que lembram o edifício PPG, de Philip Johnson. É favorecido pela orientação diretamente frontal à praça. Aparentemente, a contratante Silverstein Properties apostou no confronto direto dos lordes ingleses em solo americano.
World Trade Center 4: Maki and Associates. Talvez a disciplina e a personalidade dos japoneses, muitas vezes avessos ao star system da arquitetura tenham se refletido nesse projeto. O prédio de Fumihiko Maki é um volume simples, seccionado na porção superior, que se volta diretamente para a praça e à torre 1. O respeito ao plano diretor é evidente, e podemos concordar com o autor quando diz que o resultado denota quietude e dignidade.
Memorial: sem dúvida, o conjunto “Reflecting Absence” é o que mais chama atenção. Apresenta uma incrível carga poética, ao mesmo tempo dramática, talvez só comparada ao Memorial dos Judeus Mortos de Peter Eisenman em Berlim. Os espaços vazios, as quedas e os espelhos d’água simbolizam de maneira incontestável o triste acontecimento que marcou a história contemporânea.
Pavilhão do Memorial e Museu do 11 de Setembro: Snøhetta. O projeto do escritório norueguês tem como função abrigar e conduzir o visitante ao museu, logo abaixo. O volume rompe com a horizontalidade da praça, induz a circulação, e a transparência parcial das fachadas permite a penetração da luz solar nos níveis inferiores. A presença de dois “tridentes estruturais” remanescentes da torre sul recorda as imagens marcantes dos primeiros dias após o desabamento.
Museu Nacional do 11 de Setembro: Davis Brody Bond, atualmente trabalhando em sociedade com Aedas: o projeto tira partido do subterrâneo do sítio, tem enorme impacto o muro de contenção preservado e emprega vários elementos remanescentes do período de escavação, e das homenagens prestadas pelos parentes dos mortos e pelo povo de Nova York. Cabe lembrar que o subsolo do complexo foi alvo de outro atentado, em 1993, igualmente executado pelos terroristas de Osama Bin Laden.
Hub de Transporte: Santiago Calatrava. Desta vez, o pássaro aterrissou entre as “torres britânicas”. A estrutura simétrica é levemente rotacionada em relação aos volumes vizinhos, as “asas” se apóiam, liberando a planta ao nível do pavimento térreo configurando a “gare”. A referência à Estação Lyon-Satolas é imediata.
Performing Arts Center: Frank Ghery, ainda sem dotação orçamentária completa, o estudo preliminar apresentado revela o arquiteto em busca de novos caminhos. Desperta curiosidade saber como um programa que exige amplos espaços foi distribuído numa série de sólidos empilhados “morro acima”.
Concluindo, o empreendimento poderia se tornar o mais novo desfile de vaidades da arquitetura mundial, mas antes disso, é um marco da arquitetura do nosso tempo, um símbolo da superação e do renascimento, e a perpetuação da memória de um dos mais lamentáveis acontecimentos provocados pelo ódio dos homens contra os homens.
Seria também o caso de imaginar o que teria acontecido na capital americana, além da destruição de parte do Pentágono, caso os bravos passageiros não tivessem conseguido dominar os seqüestradores do vôo United 93, que acabou caindo numa fazenda da Pensilvânia, e que tinha como destino o prédio do Capitólio.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

AS DUAS ARQUITETURAS

Acho que não existe dúvida que há décadas vivemos sob o regime de duas arquiteturas.
A primeira representa o mercado imobiliário e as mostras de decoração, resulta do pobre ambiente cultural em que vivemos e da predominância do ter pelo ser.
A segunda representa o meio acadêmico, o pensamento e a pesquisa, a arquitetura conceitual, sem concessão aos modismos, e não necessariamente globalizada.

Quanto aos profissionais, podemos dividi-los em quatro grupos:

• Os totalmente comprometidos com a moda da vez, atualmente, com o neo-neo clássico.
• Os que fazem aquilo que lhes for pedido, seja neo-neo clássico, seja qualquer coisa. Podemos considerar estes até piores, pois os primeiros declaram solenemente que não estão preocupados com o debate, até defendem a “estética do luxo”.
• Os que tentam trilhar o caminho da arquitetura de conceito, mas num momento de desespero, acabam cedendo.
• Os radicais, combatentes, estóicos, que assistem incrédulos a transformação do meio urbano numa colcha de retalhos, da pior qualidade.

Acho que fica claro, para quem me conhece, que faço parte do quarto grupo. Afinal, arquitetura para mim não é simplesmente a profissão que escolhi, e sim uma declaração de princípios pelos quais conduzi minha vida.

Quanto ao neo-neo clássico, não quero me aprofundar sobre suas origens, nem centralizar a culpa, mas não há dúvida que poucas pessoas fizeram tão mal à arquitetura brasileira do que Adolpho Lindenberg. Nos primeiros anos de sua empresa, comercializou casas em estilo colonial e posteriormente, lançou os primeiros edifícios “de grife”.

Tristemente para nós paulistas, esse é um fenômeno regional, ou melhor, metropolitano, ou melhor, paulistano. Até o ano passado visitava o Rio de Janeiro com freqüência, e não me lembro de ter visto um único exemplar de neo-neo classicismo. Mas, se por um lado, os cariocas gozam das investidas estatais e da Fundação Roberto Marinho, tais como Cidade da Música, Museu da Imagem e do Som e Museu do Amanhã, tem que aturar as barbaridades pós-pós modernas construídas na Barra da Tijuca. Sobre a atuação de arquitetos estrangeiros, podemos até perder alguns projetos, mas é muito bom ter edifícios de Portzamparc, Diller Scofidio+Renfro, Calatrava e Herzog & De Meuron em nossa terra.

De qualquer forma, não é preciso que Patrick Schumacher venha ao Brasil nos alertar que estamos perdendo o bonde da história, sabemos disso, e nos entristecemos com isso. Nosso atraso tecnológico, a falta de recursos, a impermeabilidade dos empreendedores e clientes e a “prostituição” de grande parte dos profissionais, nos deixa em segundo plano no cenário mundial. Se não fosse por Niemeyer e mais recentemente Paulo Mendes da Rocha, estaríamos confinados ao submundo da arquitetura.

Quanto ao design de interiores, a mídia especializada e as mostras colaboram decisivamente para a perpetuação desse estado de coisas, pois, salvo raríssimas exceções, não passam de passarelas destinadas ao desfile de profissionais especificadores, desprovidos de qualquer discurso de projeto.

No meu ponto de vista, a única forma de mudar essa situação é exercer ferrenhamente nosso papel de formadores de opinião. Todos têm medo daquilo que não conhecem, e preferem apostar no que vem dando certo (ou vendendo). É necessário provar aos empreendedores que os lucros não seriam afetados, e à maioria das pessoas comuns, que existem formas diferentes de viver e trabalhar, em ambientes projetados através de novas estéticas.

Vou além, acho que se trata de algo maior, como uma revolução cultural e comportamental, a que o país e os brasileiros precisam ser submetidos, já que adotamos o “american way of life”, e o transformamos em “brazilian way of life”.

A boa notícia, é que ultimamente ando notando um pequeno recrudescimento no número de lançamentos de edifícios neo-neo clássicos. As realizações da construtora Idea!Zarvos na Vila Madalena e a contratação de Daniel Libeskind pela JHSF parecem como lufadas de ar fresco no calor do deserto. Mas, a luz no fim do túnel ainda é muito fraca, e acho que tenho alguma noção do que vem por aí.

Há exatamente 25 anos atrás, fui encarregado do projeto do convite de formatura da minha turma do Mackenzie. Convenci a todos que antevia os caminhos da arquitetura, e consegui que aceitassem a reprodução de uma tela chamada 59 Eaton Place, de uma desconhecida arquiteta chamada Zaha Hadid, na capa do convite. Provo hoje estar certo........

domingo, 31 de julho de 2011

POR QUE NUNCA BRIGUEI COM MINHAS EX

Muitas pessoas estranham o fato de durante toda a minha vida nunca ter brigado com ex-mulheres ou ex-namoradas. Talvez tenha dado motivos para que elas brigassem comigo, mas essa não é a questão.
Estou próximo a um casal que recentemente decidiu se separar. Nos meses que virão, algumas coisas devem mudar. É provável, que a partir desse momento, os personagens desse drama passem a atuar de forma diferente. Chegou a hora de tratar o ex-companheiro como oponente, de comunicar-se apenas por e-mails ou por intermédio de advogados, de conseguir o máximo possível na partilha dos bens adquiridos, de brigar pela guarda dos filhos e pela simpatia das pessoas. Muitas manifestações de apoio virão acompanhadas de um “que pena não ter dado certo”.
È claro que deu certo. Se não fosse assim, festas não teriam acontecido, dívidas não teriam sido contraídas, imóveis e carros não teriam sido comprados, viagens não teriam sido feitas, e os filhos queridos não teriam existido.
Mas é, principalmente, a hora de esquecer que já foi muito bom ficar junto.
Lembre-se minha amiga, esse sujeito asqueroso, que te fez perder os melhores anos da sua vida, já foi aquele por quem você passou intermináveis horas em frente ao espelho, experimentou todas as roupas que tinha, mentiu para seu pai em muitos finais de semana e fez planos para a vida toda.
Não esqueça meu amigo, essa coisa insuportável, já foi aquela que te fez deixar os amigos de lado, tomar alguns pileques quando te deu um pé na bunda, passar horas de tocaia na madrugada para saber se ela estava saindo com outro e acreditar que a velhice seria tranqüila.
Talvez, o problema com a maioria das pessoas, seja que elas simplesmente responsabilizam o antigo companheiro, ou o casamento, pela felicidade que não conquistaram.
Assim como a liberdade, a felicidade também é algo a ser perseguido individualmente. Companheiros, filhos, carreira e dinheiro, vêm apenas se agregar às nossas vidas. Para ser feliz com alguém, é necessário ser feliz sozinho.
A psicologia nos ensina, e todos os seres racionais sabem que ninguém é de ninguém, mas quando nos separamos esquecemos como era bom, quando achávamos que tínhamos alguém e pertencíamos a alguém, não é mesmo?

*Postagem autorizada pela atual namorada.

sábado, 21 de maio de 2011

OS V....., VEJA E VALDIRENE

Você sabe que está bem quando os v..... voltam a olhar para você.
Às vésperas de completar 47 anos, emagrecer não é tão fácil assim. Não basta se entupir de verduras, legumes e frutas e correr todo dia, é preciso ter paciência. Mas, a vaidade sempre triunfa, e estou chegando lá. Como sei? Tranquilo, os v..... voltaram a olhar para mim.
A diferença entre os v......e as mulheres é simples: para os primeiros, basta que você esteja bem, para as segundas, você precisa ser bonito, estar bem de corpo, ser inteligente, ter bom papo, ser gentil e cavalheiro, carinhoso, atencioso, sensível, ao mesmo tempo encher de porrada um ex que atazana a vida dela, em muitos casos aturar os filhos malcriados dos relacionamentos anteriores, o cunhado mala, mas principalmente, ter uma boa conta bancária.
Há duas semanas, conversei com uma fulana de 45 anos, que defende aquela velha tese, com algumas variações próprias: num casal, não importa quanto cada um ganha, é sempre obrigação do homem pagar as contas, afinal, a mulher gasta muito para agradá-lo. Segundo ela, mulheres que dividem contas não se valorizam, e é por isso que estão onde estão (onde é que elas estão?). Chegou ao cúmulo de dizer que é preferível passar o resto da vida em casa vendo televisão do que sair e dividir um cineminha. Se tivesse a oportunidade de falar com ela novamente, aconselharia a usar parte do dinheiro em livros e numa viagem para o norte da Europa (é claro, ela só conhece os Estados Unidos). Lembram daquele ditado: “Quem gosta de p....é v...., mulher gosta é de dinheiro”? Triste.....
Por outro lado, o sexo oposto reclama muito do assédio masculino, mas não sabem como é desagradável você tentar almoçar em 20 minutos, e durante todo esse tempo ser encarado pelo sujeito da mesa em frente, sem piscar os olhos.
Mudando para a revista Veja, acho que não renovarei minha assinatura. Na edição de 18 de Maio, com 160 páginas, 71 são de propaganda, 6 são parte matéria-parte propaganda e há ainda um encarte especial de 6 páginas. É muita coisa, exatamente 50% da revista. Para chegar ao primeiro conteúdo de interesse, a entrevista semanal, é preciso percorrer 18 páginas de bancos, carros, fraldas, celulares, etc. Depois a mídia escrita reclama da internet.
Toda vez que a minha fé na humanidade aumenta um pouquinho vem alguém e destrói meu sonho de um mundo melhor. Não pude acreditar que o filhote Veja São Paulo, muito lido por nós paulistanos, tenha perdido 8 páginas numa reportagem com a tal Val Marchiori, ou melhor, Valdirene.
Com certeza, a reportagem deveria chamar “imbecil eu já sou, mas quero ser socialite a qualquer custo”. Páginas de pura cretinice, fazendo apologia ao alpinismo social pago e ao estúpido mercado do luxo, além do guia prático para cabeças ocas brilharem. É claro, a reportagem deve ter sido muito bem paga. O maridão financiador nem aparece, tem medo de seqüestro ou vergonha da mulher? Só fica claro para mim qual o caminho Veja pretende trilhar.
Na verdade, imbecil sou eu, de ter perdido dez minutos da minha vida lendo aquilo. Meu alívio, é que cumpri meu papel de assinante revoltado escrevendo para a revista e que li a reportagem enquanto estava no banheiro fazendo o número 2.
Hellooooo!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

SPIMAROLI

Para alguns, os desígnios de Deus.
Para outros, as voltas que a vida dá.

Aconteceu no último sábado, o 2º encontro SPIMAROLI, reunião das famílias SPINA, MARQUES E OLIVA, frutos do casamento de Gregório Spina e Anna Bizarro em 1898. Com certeza, não poderiam imaginar que estavam começando uma descendência que hoje soma mais de oitocentas pessoas.
Em 1924, seus filhos mais velhos abriram uma empresa de fundo de quintal, que veio a se tornar na década de 70, a Holding Indústrias Reunidas Irmãos Spina S.A., referência no ramo de papel e celulose e a maior fabricante de cadernos da América Latina. Indústrias em São Paulo, Petrópolis e São Roque, parque gráfico, metalúrgica, transportadora, e por aí vai. Muitos que estão lendo este texto não podem imaginar o que foi aquilo.
Mas um dia, tudo isso acabou. Não foi fácil aceitar. Não podemos mais abastecer o carro na Rua do Hipódromo, nossas cozinhas e armários não são mais feitos pelo Clodo, não podemos mais passar os finais de semana na Fazenda Alvorada, e eu não posso mais “filar” um rango simples, mas de primeira, da irmã Maria. Entre mortos e feridos, alguns preservaram seu patrimônio, alguns partiram para uma nova carreira, alguns sofreram muito, e alguns até perderam a saúde e a vida.
Mas a pergunta é:
Será que se a empresa ainda existisse, teria havido esse encontro?
Tive um breve contato com alguns Crespi, mas suficiente para saber como a partilha dos bens levou à desagregação da família. Com relação aos Matarazzo, nem é preciso entrar em detalhes. Todos conhecemos milhares de casos parecidos.
As famílias têm as mesmas características, os membros vão naturalmente se distanciando, nossas vidas estão cada vez mais complexas, etc., mas quase não acreditei em ver mais de quinhentas pessoas reunidas, se beijando, abraçando, um mexendo com o outro, apresentando os novos filhos, lamentando a ausência daqueles que partiram. Alguns que moram em outros países vieram especialmente para o encontro. Total entrosamento entre as gerações. A galera mais nova formando uma turma enorme, típica, mas respeitando os valores que nos mantém unidos. Ninguém bebeu além da conta, ninguém falou bobagem, ninguém virou a cara para ninguém, só o calor atrapalhou.
Ou seja, em total comunhão.
Nunca vi algo parecido.
Segundo alguns, Deus prometeu grandes planos para essa família. Será que existe algo maior do que vivemos no último sábado?

PS: Carlão, sorry, o filósofo da família agora sou eu.
PS2: Para quem conquistou cidadania italiana e não sabe, fui eu quem há mais de vinte anos iniciou o processo Spina no Consulado Italiano. Estava pensando em quanto vou cobrar por isso, mas querem saber, deixa pra lá. Foi um prazer continuar o trabalho que o tio Nicolino fez na Itália, e descobrir tudo o que aconteceu desde que Liberato Gregorio pisou no Brasil.
PS3: Que orgulho ter vindo de Campobasso, e ter como conterrâneo Domenico de Masi, um dos homens mais brilhantes que já conheci.