segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

SPIMAROLI

Para alguns, os desígnios de Deus.
Para outros, as voltas que a vida dá.

Aconteceu no último sábado, o 2º encontro SPIMAROLI, reunião das famílias SPINA, MARQUES E OLIVA, frutos do casamento de Gregório Spina e Anna Bizarro em 1898. Com certeza, não poderiam imaginar que estavam começando uma descendência que hoje soma mais de oitocentas pessoas.
Em 1924, seus filhos mais velhos abriram uma empresa de fundo de quintal, que veio a se tornar na década de 70, a Holding Indústrias Reunidas Irmãos Spina S.A., referência no ramo de papel e celulose e a maior fabricante de cadernos da América Latina. Indústrias em São Paulo, Petrópolis e São Roque, parque gráfico, metalúrgica, transportadora, e por aí vai. Muitos que estão lendo este texto não podem imaginar o que foi aquilo.
Mas um dia, tudo isso acabou. Não foi fácil aceitar. Não podemos mais abastecer o carro na Rua do Hipódromo, nossas cozinhas e armários não são mais feitos pelo Clodo, não podemos mais passar os finais de semana na Fazenda Alvorada, e eu não posso mais “filar” um rango simples, mas de primeira, da irmã Maria. Entre mortos e feridos, alguns preservaram seu patrimônio, alguns partiram para uma nova carreira, alguns sofreram muito, e alguns até perderam a saúde e a vida.
Mas a pergunta é:
Será que se a empresa ainda existisse, teria havido esse encontro?
Tive um breve contato com alguns Crespi, mas suficiente para saber como a partilha dos bens levou à desagregação da família. Com relação aos Matarazzo, nem é preciso entrar em detalhes. Todos conhecemos milhares de casos parecidos.
As famílias têm as mesmas características, os membros vão naturalmente se distanciando, nossas vidas estão cada vez mais complexas, etc., mas quase não acreditei em ver mais de quinhentas pessoas reunidas, se beijando, abraçando, um mexendo com o outro, apresentando os novos filhos, lamentando a ausência daqueles que partiram. Alguns que moram em outros países vieram especialmente para o encontro. Total entrosamento entre as gerações. A galera mais nova formando uma turma enorme, típica, mas respeitando os valores que nos mantém unidos. Ninguém bebeu além da conta, ninguém falou bobagem, ninguém virou a cara para ninguém, só o calor atrapalhou.
Ou seja, em total comunhão.
Nunca vi algo parecido.
Segundo alguns, Deus prometeu grandes planos para essa família. Será que existe algo maior do que vivemos no último sábado?

PS: Carlão, sorry, o filósofo da família agora sou eu.
PS2: Para quem conquistou cidadania italiana e não sabe, fui eu quem há mais de vinte anos iniciou o processo Spina no Consulado Italiano. Estava pensando em quanto vou cobrar por isso, mas querem saber, deixa pra lá. Foi um prazer continuar o trabalho que o tio Nicolino fez na Itália, e descobrir tudo o que aconteceu desde que Liberato Gregorio pisou no Brasil.
PS3: Que orgulho ter vindo de Campobasso, e ter como conterrâneo Domenico de Masi, um dos homens mais brilhantes que já conheci.