quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

OSCAR, O MENTIROSO

Oscar Niemeyer era antes de tudo um mentiroso. Seu famoso comentário “a arquitetura não é importante, o importante é a vida” nunca correspondeu à sua trajetória. A arquitetura era a sua vida. Durante os cento e quatro anos da sua existência, Oscar não foi um homem de família, nunca morou em imóveis luxuosos, não circulava em carros caros e não usava roupas vistosas. Não tinha hobbies, nunca praticou esporte, morria de medo de andar de avião e não gostava de viajar. Adorava um bate-papo, era chegado a uma festinha, mas não correu atrás das mulheres curvilíneas de que tanto falava. Não bebia exageradamente nem usava drogas. Apenas respirava projeto, mesmo por trás das cigarrilhas. Teve padrinhos de peso, como Juscelino Kubitscheck, que lhe permitiram explorar todo o seu talento e exercitar toda a criatividade e a inventividade que sempre defendeu. Fez Joaquim Cardozo e José Carlos Sussekind arrancarem os cabelos para potencializar a forma, o elemento principal das suas obras. Junto a Lúcio Costa, numa prolífica relação de décadas que resultou entre outros Brasília, alterou a proposta original de Le Corbusier para o prédio do Ministério da Educação no Rio de Janeiro, e segundo alguns, no conjunto arquitetônico das Nações Unidas em Nova York, percebe-se muito mais o traço de Niemeyer do que o do mestre suíço. Foi autor de centenas de projetos, onde o caráter escultórico predomina, e de algumas obras-primas, como o Museu de Arte Moderna de Niterói. Foi um dos maiores nomes, senão o maior, da arquitetura de autor. A vaidade de Niemeyer estava na modéstia. Desde cedo obteve reconhecimento internacional e inspirou várias gerações de projetistas, no Brasil e no exterior. O folclore também ronda a vida do arquiteto, como por exemplo, quando num arroubo de ateísmo comentou: -Vou levando a minha vida e seja o que Deus quiser. Ou, quando foi apontado ao lado de Fidel Castro como os dois únicos comunistas vivos no planeta. Nunca pegou em armas contras as ditaduras, e o exílio permitiu que pudesse mostrar ao mundo sua obra. Por outro lado, ajudava sem pestanejar os amigos em dificuldades. Apesar de nunca ter cultivado uma vida saudável, morreu lúcido, e trabalhou até seus últimos momentos, como os verdadeiros arquitetos fazem. Na semana em que o frevo foi alçado à condição de patrimônio cultural da humanidade, em mais uma evidente mostra de que continuamos sendo vistos como o país do futebol e do carnaval, desaparece Oscar Niemeyer, esse sim, um exemplo de orgulho para os brasileiros, um exemplo do Brasil que pensa.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O MINIMALISMO NA LÍNGUA BRASILEIRA

Observamos há muito tempo, a drástica transformação da língua portuguesa, ou melhor, da língua brasileira. Apenas alguns termos são necessários para que pessoas de todas as classes sociais, idades, raças, crenças, preferências sexuais, etc, estabeleçam comunicação, como no exemplo: OS MANO TÃO NA PARADA....., E VÉIO, O BAGULHO É SUAVE. SÓ TEM TRUTA NA FITA, SEM TRAÍRA, TÁ LIGADO? SEI QUE TÃO ME ZUANDO MALUCO, MAS TÔ DE BOA. É NÓIS..... Talvez seja mais fácil falar dessa maneira, afinal, não seria necessário frequentar escolas, pois aprendendo poucas palavras, podemos nos expressar sobre qualquer assunto. Imaginem a economia caso essa simplificação do vocabulário fosse oficializada: não haveria mais gastos com educação, os livros (será que existiriam?) seriam muito menores e mais baratos, os dicionários poderiam ser usados como papel higiênico e todos nos entenderíamos de maneira muito mais simples. Tão simples, que bastaria um sistema prisional da pior qualidade para educar o povo.