quarta-feira, 14 de abril de 2010

MOÇO, ME DÁ UM PROJETO?

Num semáforo qualquer em São Paulo:
-Moço, me dá um projeto?
-O quê?
-O senhor tem aí um projetinho para me dar?
-Projeto?
-Ah, já sei! Você deve ser um daqueles caras que não foram homem suficiente para estudar engenharia nem gay suficiente para ser decorador, né?
-Isso mesmo, sou arquiteto.
-E só porque tem estudo acha que pode dar palpite na minha vida e na minha casa. Sabe rapaz, vou te falar uma coisa, isso que você faz não é nada. Eu comecei a trabalhar com treze anos, carregando caixa e hoje tenho um atacadão. A escola da vida é muito mais importante que essas porcarias que você estudou. E olha aí o resultado, eu aqui nesse carrão e você aí de olho no meu relógio.
-Que bom que o senhor pôde comprar esse relógio, mas sinceramente, não ligo muito para isso não.
-E liga pra quê então?
-Gosto de estudar, pesquisar, quero fazer coisas novas e bacanas. Quero mostrar para as pessoas maneiras melhores de morar, trabalhar e usar a cidade.
-Qual é mano, viver melhor do que eu vivo vai ser difícil. Ganho uma puta grana comprando do produtor e vendendo pro lojista. Tenho essa bm aqui, apartamento na praia, sítio, e dinheiro pra gastar com a mulherada. A patroa tem tudo do melhor e levo meu filho para ver o timão todo final de semana, que mais você quer?
-Então me dá um projetinho de interiores...
-No interior?
-Não, arquitetura de interiores.
-Não preciso disso não, eu e a mulher damos conta. Além disso, acabei de reformar meu banheiro, tá lotado de porcelanato e pastilha de vidro. Fiz um box com uns desenhos da hora...
-Escuta, por que ao invés de estudar, você não foi jogar bola, cantar pagode, essas coisas que dão dinheiro?
-Pois é não tenho aptidão para isso e nem acho muito legal...
-O sinal abriu. Bom, a vida é tua, mas se fosse você ia fazer alguma coisa que preste.
-Que tal um rebolation?

flip! (bituca de cigarro sendo arremessada)