sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

AS BALAS PERDIDAS E OUTRAS FORMAS DE VIOLÊNCIA

A VIOLÊNCIA DO (DES)GOVERNO:

Acho que tenho a solução para o problema das balas perdidas nos morros do Rio de Janeiro: arranjar as cabeças certas para encontrá-las.
Podemos começar com os integrantes do Movimento dos Sem Terra. Depois de assistirmos ao vídeo que mostra a invasão da fazenda Santo Henrique, de propriedade da empresa Cutrale, os saques e a destruição de equipamentos e pés de laranja, não resta mais a menor dúvida sobre a verdadeira intenção desse bando de marginais.
O modus operandi seria o seguinte: retirar dos morros o pessoal do bem (todo mundo sabe quem é bandido e quem não é), armar melhor as gangues do MST (eles só tem espingardas e revólveres velhos) e incitar a invasão das encostas cariocas. Resultado: se tudo der certo, em alguns dias nos livramos dos sem terra e dos traficantes.
Para aproveitar, no meio da ação, jogamos de helicóptero alguns políticos corruptos e malucos (tem um secretário do Lula, que merece mais do que ninguém participar da operação; por ser careca, deve ser fácil de acertar).

A VIOLÊNCIA EM NOME DE DEUS E DA RAÇA:

Não sei por que tanta gente condena alguns atentados que ocorrem no Oriente Médio, Ásia e África. Tirando alguns turistas e transeuntes que não tem nada a ver com isso, muitos desses episódios contribuem para a purificação da raça humana, na forma contrária daquela pregada pelos nazistas. Sinceramente, quem mata em nome de Deus e da etnia não pode viver no século XXI.
Alguém conhece uma expressão mais estúpida do que “Guerra Santa”?

A VIOLÊNCIA DA TERRA:

Também tenho a melhor solução para o Haiti: Primeiramente, divide-se a população remanescente pelos países do mundo. Daria mais ou menos 40.000 haitianos para cada um, mas talvez seja melhor observar alguns critérios de tamanho e riqueza.
Junta-se todo o entulho, e com ele, criam-se algumas ilhas artificiais às margens da antiga Porto Príncipe (à moda de Dubai) e faz-se um concurso internacional para o projeto de um novo aeroporto internacional (à moda de Hong Kong e Osaka). Na verdade, como estou dando a idéia, deveria ser convidado para desenvolver o projeto.
Finalmente, entrega-se todo o território para a República Dominicana, que junto a investidores internacionais, irá construir uma série de resorts.

A VIOLÊNCIA DAS ÁGUAS:

A coisa que brasileiro faz melhor é falar mal da administração pública, sem se dar conta do quanto contribui para a situação em que vive. Com relação às enchentes, pouca gente presta atenção aos fatos, que somados ao grande índice pluviométrico, fazem o caos urbano.
As margens dos cursos d’água na cidade de São Paulo estão totalmente tomadas por construções irregulares e precárias. A área de várzea, necessária para as enchentes e vazantes não existe mais. Além disso, os moradores dessas áreas fazem dos córregos sua lata de lixo. Sei de todas as questões sociais envolvidas, mas isso não pode continuar.
A má educação não é privilégio de pobre, por toda a cidade, as pessoas continuam achando que boca de lobo é triturador de cozinha.
Como arquiteto, me deparo com outra situação alarmante: A Lei Municipal 11.228, de 1992, estabelece que 15% da área dos lotes permaneça permeável. Em todos esses anos, conto nos dedos os casos onde os cidadãos respeitaram essa exigência. Conseqüentemente, a cidade está quase toda impermeabilizada.
Com tudo isso, não adianta piscinão, aprofundamento de calha, etc. Por melhor que seja o sistema de drenagem urbana, é impossível escoar um volume de água como o dos últimos meses.
Somos responsáveis por tudo o que está acontecendo.

Uma grande amiga me critica pela falta de fé nas pessoas, mas, tá difícil..........

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

SER ARQUITETO NO BRASIL É............

PARA TODOS:

Ser requisitado a todo o momento para “rabiscar” qualquer coisa, de um dia para o outro, afinal você não tem mais nada para fazer, e cobrando pouco, afinal seu cliente tem coisa melhor onde usar o dinheiro, como a nova TV LED/LCD/FULL HD/3D/80’, ou a “propina” para o fiscal da prefeitura.

Ler na revista Veja todo ano que sua profissão continua como uma das piores no ranking, seja pelo o que ela representa para a economia, mas principalmente pela média salarial, e que os conceitos de carreira, salário base e teto não existem.

Saber que seu país é dos únicos no mundo a regulamentar sua atividade profissional pelo mesmo órgão que cuida de engenheiros, agrimensores e técnicos em geral.

Ouvir que sua profissão é a mais bonita, e que gostariam de ter estudado arquitetura, mas na verdade, não tiveram peito para encarar essa.

PARA ALGUNS:

Concorrer com os milhares de colegas formados por todo tipo de cursos, que como a grande maioria dos brasileiros, sequer aprendeu a falar português.

Ser administrador, economista, engenheiro, técnico em sustentabilidade, consultor sentimental, político e baladeiro, tudo com apenas um diploma.

Tentar fazer coisas bacanas, fugir do último modismo e das revistas, argumentar e justificar as propostas, mas morrer na praia, afinal, o apartamento da amiga da cliente não é assim.

Observar horrorizado e impotente as desgraças causadas pela estética do mercado imobiliário.

Desenhar, detalhar e especificar um projeto à toa, e na obra, esquecer que existem prumos e níveis, linhas e ângulos retos e medidas.

Assistir ao êxito de alguns que conseguiram o sucesso graças ao marketing e outros meios, e não à arquitetura.

PARA OS VIAJADOS E ANTENADOS:

Ser considerado parte integrante da elite na Finlândia, graças ao nível cultural dos escandinavos e ao prestígio conquistado por Alvar Aalto (mas não somos finlandeses).

Conversar com os berlinenses, e perceber o quanto eles acreditam que a arquitetura pode mudar sua cidade e suas vidas (mas não moramos em Berlim).

Saber que Brad Pitt, ídolo para nove entre dez mulheres e homens, ama arquitetura e design, ao ponto de batizar uma de suas filhas com o nome de um arquiteto famoso (mas não temos amigos como Brad Pitt).

Assistir ao seriado Seinfeld e achar graça toda a vez que o personagem George, interpretado por Jason Alexander, se faz passar por arquiteto, quando quer esconder sua vida medíocre e conquistar mulheres (mas no Brasil não é uma boa tática).

PARA OS EXPERIENTES E OUSADOS:

Discutir com seu cliente questões técnicas, estéticas e filosóficas, sem ser considerado louco.

Ensinar os engenheiros que existem outras formas de conceber uma estrutura além do sistema de pilares, vigas e lajes.

Não poder participar de concursos internacionais, pelas dificuldades do dia a dia e pela defasagem tecnológica em que vivemos.

Saber que você é o profissional mais indicado para governar uma cidade, pois a entende como um organismo vivo, e que é formador de opinião, mas perceber que as pessoas nem se dão conta disso.

PARA TODOS OS QUE NÃO ABANDONARAM A PROFISSÃO NOS PRIMEIROS ANOS:

Persistir, apesar de tudo o que foi exposto acima, com amor, ética e vontade.